A Dialectical Behavior Therapy (DBT) se consolidou como uma das abordagens terapêuticas mais eficazes para pessoas lidando com Borderline Personality Disorder (BPD). Desenvolvida pela Dra. Marsha Linehan, essa terapia se diferencia por unir princípios da terapia cognitivo-comportamental com práticas de mindfulness, com foco direto na desregulação emocional, impulsividade e comportamentos autodestrutivos — características muito comuns no BPD. A literatura científica já identificou diversos benefícios baseados em evidências, reforçando o valor prático da DBT como intervenção estruturada.
Primeiro ponto: um dos maiores benefícios da DBT está no seu treinamento estruturado de habilidades. Isso ajuda diretamente a melhorar a regulação emocional e estratégias de enfrentamento nos pacientes com BPD. Estudos mostram que essas habilidades são decisivas para melhorar os resultados — como reduzir comportamentos de autoagressão e ideação suicida (McMain et al., 2016; May et al., 2016). As habilidades ensinadas, como regulação emocional e eficácia interpessoal, oferecem ferramentas práticas para que o paciente aprenda a responder melhor emocionalmente e a se relacionar de forma mais saudável — o que aumenta sua resiliência (Lee et al., 2022; Choi‐Kain et al., 2017). Esse treino estruturado é essencial não só para estabilizar o humor, mas também para reduzir a frequência de crises, algo bastante comum nesse transtorno (Neacsiu & Tkachuck, 2016; Brodsky et al., 2021).
Outro benefício fundamental da DBT é o foco direto na redução de comportamentos autolesivos e ideação suicida, que são frequentes em quem vive com BPD. Pesquisas mostram de forma consistente que a DBT é uma das poucas abordagens que consegue reduzir efetivamente esses comportamentos (Stiglmayr et al., 2014; Alba et al., 2022). Ensaios clínicos randomizados indicam que pacientes em DBT têm menos tentativas de suicídio e níveis muito mais baixos de autoagressão não suicida, em comparação com quem faz tratamento convencional (Dixius & Möhler, 2023; Alba et al., 2022). Além disso, o compromisso com o tratamento e o planejamento de segurança, que fazem parte central das sessões de DBT, ajudam o paciente a se engajar ativamente no processo e a gerenciar riscos de vida de forma eficaz (Alba et al., 2022).
Outro ponto forte é a adaptabilidade da DBT para diferentes públicos — incluindo adolescentes e grupos étnicos específicos — o que mostra sua versatilidade e eficácia. Por exemplo, versões adaptadas da DBT para adolescentes têm mostrado bons resultados na redução de pensamentos suicidas e comportamentos autolesivos em jovens, com queda significativa nos sintomas de BPD (Germán et al., 2015; May et al., 2016). Além disso, seu uso já foi validado em populações culturalmente diversas, mostrando sensibilidade cultural e eficácia clínica em diferentes contextos (Brodsky et al., 2021).
Por fim, o impacto geral da DBT inclui melhorias nas relações interpessoais e na qualidade de vida de quem tem BPD. Pesquisas apontam que a DBT não só reduz os sintomas do transtorno, mas também melhora o funcionamento social e o bem-estar psicológico como um todo (Neacsiu & Tkachuck, 2016; Safarzadeh et al., 2023). A abordagem combina terapia individual com grupos de treino de habilidades, o que oferece um ambiente estruturado e de suporte para os pacientes praticarem novas habilidades, fortalecendo tanto a capacidade relacional quanto o senso de pertencimento ao grupo (Samadi et al., 2024; Denning et al., 2024).
Conclusão: os benefícios da Dialectical Behavior Therapy (DBT) para pessoas com Borderline Personality Disorder (BPD) são amplos e bem comprovados. Melhor regulação emocional, menos autolesão, alta adaptabilidade e melhora na qualidade dos vínculos tornam a DBT um tratamento de referência (gold standard) para esse transtorno.
_________________________
Referências (formato ABNT):
ALBA, M. et al. Risk management in dialectical behavior therapy: treating life-threatening behaviors as problems to be solved. Psychotherapy, v. 59, n. 2, p. 163–167, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1037/pst0000376. Acesso em: 17 maio 2025.
BRODSKY, B.; STANLEY, B.; GRATCH, I. Dialectical behaviour therapy for suicidal individuals. p. 481–488, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1093/med/9780198834441.003.0057. Acesso em: 17 maio 2025.
CHOI‐KAIN, L. et al. What works in the treatment of borderline personality disorder. Current Behavioral Neuroscience Reports, v. 4, n. 1, p. 21–30, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s40473-017-0103-z. Acesso em: 17 maio 2025.
DENNING, D. et al. Effects of borderline personality disorder symptoms on dialectical behavior therapy outcomes for eating disorders. Personality Disorders: Theory, Research, and Treatment, v. 15, n. 2, p. 146–156, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1037/per0000641. Acesso em: 17 maio 2025.
DIXIUS, A.; MÖHLER, E. Effects of a standardized dbt—a program on identity development in adolescents. Brain Sciences, v. 13, n. 9, p. 1328, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.3390/brainsci13091328. Acesso em: 17 maio 2025.
GERMÁN, M. et al. Dialectical behavior therapy for suicidal latina adolescents: supplemental dialectical corollaries and treatment targets. American Journal of Psychotherapy, v. 69, n. 2, p. 179–197, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1176/appi.psychotherapy.2015.69.2.179. Acesso em: 17 maio 2025.
LEE, R.; HARMS, C.; JEFFERY, S. The contribution of skills to the effectiveness of dialectical behavioral therapy. Journal of Clinical Psychology, v. 78, n. 12, p. 2396–2409, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1002/jclp.23349. Acesso em: 17 maio 2025.
MAY, J.; RICHARDI, T.; BARTH, K. Dialectical behavior therapy as treatment for borderline personality disorder. Mental Health Clinician, v. 6, n. 2, p. 62–67, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.9740/mhc.2016.03.62. Acesso em: 17 maio 2025.
MCMAIN, S. et al. A randomized trial of brief dialectical behaviour therapy skills training in suicidal patients suffering from borderline disorder. Acta Psychiatrica Scandinavica, v. 135, n. 2, p. 138–148, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1111/acps.12664. Acesso em: 17 maio 2025.
NEACSIU, A.; TKACHUCK, M. Dialectical behavior therapy skills use and emotion dysregulation in personality disorders and psychopathy: a community self-report study. Borderline Personality Disorder and Emotion Dysregulation, v. 3, n. 1, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s40479-016-0041-5. Acesso em: 17 maio 2025.
SAFARZADEH, A. et al. Effectiveness of dialectic-behavioral skills training based on soler model alone and along with family education in reduction of borderline personality disorder symptoms with three months follow up. Neurology Neuropsychiatry Psychosomatics, v. 15, n. 1, p. 50–56, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.14412/2074-2711-2023-1-50-56. Acesso em: 17 maio 2025.
SAMADI, B.; MIRZAIAN, B.; GHANADZADEGAN, H. Comparison of the effectiveness of dialectical behavior therapy skills training (dbt-st) and mindfulness-based cognitive therapy (mbct) on cognitive emotion regulation in individuals with symptoms of borderline personality disorder. JAYPS, v. 5, n. 5, p. 30–40, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.61838/kman.jayps.5.5.5. Acesso em: 17 maio 2025.
STIGLMAYR, C. et al. Effectiveness of dialectic behavioral therapy in routine outpatient care: the berlin borderline study. Borderline Personality Disorder and Emotion Dysregulation, v. 1, n. 1, p. 20, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1186/2051-6673-1-20. Acesso em: 17 maio 2025.