POR: FELIPE PRETEL ANTUNES VIEIRA
O Que é o Autismo?
Entender o autismo é fundamental por conta de inúmeros aspectos, como aumentar a conscientização na sociedade, melhorar a inclusão em escolas e locais de trabalho, além de atender às necessidades de saúde mental de pessoas autistas. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição complexa de neurodesenvolvimento caracterizada por desafios na comunicação social, interação e comportamentos repetitivos ou restritos (Okoye, 2023. No Brasil, estudos recentes destacam o aumento na prevalência de casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dados sugerem uma prevalência entre 1 a 2 crianças a cada 1.000, com pesquisas mais recentes apontando para até 27,6 casos por 1.000 crianças, equivalente a cerca de 1 em cada 36 crianças.
Esse crescimento reflete avanços nos critérios diagnósticos, maior conscientização social e melhorias na detecção precoce do autismo. Além disso, fatores como diagnósticos mais amplos (CID-11 e DSM-5 TR), aumento de concepções tardias, sobrevivência de bebês prematuros e exposição a fatores ambientais e genéticos são apontados como possíveis contribuintes. Essas informações reforçam a necessidade de intervenções precoces, apoio adequado às famílias e políticas de saúde pública voltadas à inclusão e bem-estar das pessoas com TEA.
Promovendo uma Sociedade Mais Inclusiva
Uma das principais razões para compreender o autismo é promover uma sociedade mais inclusiva. Pesquisas mostram que a terminologia usada para descrever o autismo pode influenciar as percepções e atitudes em relação a pessoas autistas (Kenny et al., 2015). Ao adotar uma linguagem cuidadosa e inclusiva, é possível reduzir o estigma e incentivar a aceitação. Iniciativas educacionais, como programas de treinamento online para estudantes universitários, já demonstraram que aumentar o conhecimento sobre o autismo pode diminuir o preconceito e melhorar a compreensão sobre a condição (Gillespie-Lynch et al., 2015). Essas ações educacionais são fundamentais para mudar atitudes e promover a inclusão.
Autismo no Ambiente de Trabalho
No ambiente profissional, entender o autismo é muito importante para criar condições de suporte aos funcionários autistas. Estudos revelam que empregadores informados sobre o autismo podem facilitar melhores combinações de trabalho e promover uma cultura organizacional mais acolhedora (Wen et al., 2022). Isso não apenas beneficia indivíduos autistas, mas também melhora a produtividade geral do local de trabalho, já que funcionários com autismo podem ser tão produtivos quanto seus colegas neurotípicos quando recebem apoio adequado (Scott et al., 2017). Assim, fomentar a compreensão do autismo no trabalho contribui para uma força de trabalho mais diversa e eficaz.
Saúde Mental e o Autismo
A compreensão do autismo também é essencial para abordar os desafios de saúde mental enfrentados por pessoas autistas. Pesquisas indicam uma alta prevalência de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, entre indivíduos autistas (Wood & Happé, 2021). A habilidade de reconhecer e interpretar os próprios estados emocionais, conhecida como alexitimia (algo como “dificuldade de identificar e expressar emoções”), desempenha um papel significativo nos desfechos de saúde mental dessas pessoas (Oakley et al., 2020). Portanto, aumentar a conscientização sobre o autismo pode levar a intervenções e sistemas de apoio mais eficazes.
Complexidades do Autismo e Outros Transtornos Neurológicos
A interseção entre o autismo e outros transtornos neurológicos também exige uma compreensão mais profunda de suas complexidades. Pessoas autistas apresentam maior risco de complicações neurológicas, que podem agravar os desafios sociais e impactar os resultados das intervenções (Pan et al., 2020). Isso ressalta a importância de uma abordagem multidisciplinar, integrando contribuições da psicologia, neurociência e ciências sociais para uma visão mais completa do autismo.
Portanto…
Compreender o autismo é fundamental para promover uma sociedade inclusiva, melhorar as dinâmicas no local de trabalho, abordar as necessidades de saúde mental e reconhecer as complexidades da condição. À medida que o conhecimento e a conscientização sobre o autismo continuam a crescer, é essencial transformar essas informações em estratégias práticas que beneficiem tanto as pessoas autistas quanto a sociedade como um todo.
🔎 Sobre o trabalho clínico de Felipe Pretel
Psicólogo pela UNIFESP, com formação clínica continuada pelo Instituto de Psicologia da USP e pela Clínica Singularis, Felipe atua a partir de uma abordagem psicodinâmica contemporânea, com foco em conflitos afetivos, estruturas de personalidade e simbolização das experiências.
Também formado em Economia pela FEA-USP, desenvolve uma escuta ampliada das dimensões estruturais da vida humana — como valor, trabalho, posição e contingência — integrando leitura sociocultural com técnica clínica refinada.
As entrevistas abaixo oferecem um ponto de entrada simbólico para compreender sua forma de pensar, trabalhar e interpretar os dilemas existenciais da nossa época — revelando tanto o estilo clínico quanto a densidade subjetiva do autor:
- 📄 Entrevista Internacional (IssueWire)
- 📄 Nova Entrevista Internacional (ISStories)
- 📲 Instagram Profissional: @ifpretel
- 💼 LinkedIn Profissional
Clínica fundamentada, simbolização profunda e escuta atravessada por conflitos reais, relações vividas e posicionamentos subjetivos.
Bibliografia*
Gillespie-Lynch, K., Brooks, P., Someki, F., Obeid, R., Shane‐Simpson, C., Kapp, S., … & Smith, D. (2015). Changing college students’ conceptions of autism: an online training to increase knowledge and decrease stigma. Journal of Autism and Developmental Disorders, 45(8), 2553-2566. https://doi.org/10.1007/s10803-015-2422-9
Kenny, L., Hattersley, C., Molins, B., Buckley, C., Povey, C., & Pellicano, L. (2015). Which terms should be used to describe autism? Perspectives from the UK autism community. Autism, 20(4), 442-462. https://doi.org/10.1177/1362361315588200
Oakley, B., Jones, E., Crawley, D., Charman, T., Buitelaar, J., Tillmann, J., … & Loth, E. (2020). Alexithymia in autism: cross-sectional and longitudinal associations with social-communication difficulties, anxiety and depression symptoms. Psychological Medicine, 52(8), 1458-1470. https://doi.org/10.1017/s0033291720003244
Okoye, C. (2023). Early diagnosis of autism spectrum disorder: a review and analysis of the risks and benefits. Cureus. https://doi.org/10.7759/cureus.43226
Pan, P., Bölte, S., Kamal, P., Jamil, S., & Jönsson, U. (2020). Neurological disorders in autism: a systematic review and meta-analysis. Autism, 25(3), 812-830. https://doi.org/10.1177/1362361320951370
Pellicano, L., Dinsmore, A., & Charman, T. (2014). What should autism research focus upon? Community views and priorities from the United Kingdom. Autism, 18(7), 756-770. https://doi.org/10.1177/1362361314529627
Scott, M., Jacob, A., Hendrie, D., Parsons, R., Girdler, S., Falkmer, T., … & Falkmer, M. (2017). Employers’ perception of the costs and the benefits of hiring individuals with autism spectrum disorder in open employment in Australia. Plos One, 12(5), e0177607. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0177607
Wen, B., Rensburg, H., O’Neill, S., & Attwood, T. (2022). Autism in the Australian workplace: the employer perspective. Asia Pacific Journal of Human Resources, 61(1), 146-167. https://doi.org/10.1111/1744-7941.12333
Wood, R., & Happé, F. (2021). What are the views and experiences of autistic teachers? Findings from an online survey in the UK. Disability & Society, 38(1), 47-72. https://doi.org/10.1080/09687599.2021.1916888
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FELIPE PRETEL ANTUNES VIEIRA